O café ainda está na xícara, exatamente no lugar que eu havia colocado quando você partiu. Observo e imagino o quão frio ele deve estar. Tão frio quanto o nosso amor, tão frio como o nosso inverno, tão frio como o nosso fim, querido. Observo e relembro do tempo quente entre nós, do tempo que as paredes ferviam a nossa volta, de quando o sol queimava nossa pele, a brisa de calor nos convidava a amar e do nosso café quente. Mas a vida é assim, não adianta deixar o café no fogo por uma hora, assim que ele é retirado ele já começa a esfriar de novo. Não adianta dizer "eu te amo" todo instante, se ele vai perder seu valor (calor) e ficar, frio. Não adianta abraços apertados, se seu corpo está congelado e só o meu continua quente. Não adianta eu ser quente, se você me esfria. Congela. Esfria meu café. Esfria minha vida.
Pego a xícara com café frio e derramo todo aquele líquido na pia e então a água o leva. Seria mais fácil se todo o frio que você deixou em mim fosse embora com um pouco de água, mas não vai. E não adianta eu tentar nos esquentar, não adianta eu tentar requentar, não adianta. A partir de hoje, não aceito isso, não beberei mais o resto do seu café frio, quero e terei novos e bons cafés quentes.
Mônica Monteiro
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