E aqui estou eu, sentada na cadeira, olhando para aquela criança com nome forte, de olhos claros e com um olhar sofrido. Ela me conta, o que já viu da vida, seus pais a abandonaram quando bebê, trocaram-na por drogas e bebidas, ela teve que aprender a se "virar" sozinha, disse que aprendeu que o mundo é mal, que as pessoas são más. Como pode uma criança tão delicada, tão pequena, ter sofrido tanto assim? Como pode uma criança ter uma alma tão destroçada, tão machucada? Como pode ter um coração tão baqueado? Ela me conta, com um sorriso em seus lábios carnudos, que acredita em Deus, não o culpa, se não fosse por ele, ela não estaria viva. Mas, que a vida é assim, injusta. Diz que as pessoas não dão valor à aquilo que tem. E é ai então que uma lágrima escorre de meu rosto, e aquela criança se aproxima, me abraça forte e diz: "chora não tia, você deve ser muito feliz, não precisa chorar, Deus te ama assim, do jeito que você é."
Sem mais. Aliás, precisa de mais alguma coisa?
Juliana Duenha.
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