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Desculpe, mordo a língua, mas não falo.



Hoje resolvi fazer dieta, mas não é dieta para emagrecer não, é dieta de palavras. Cansei de falar muito e as pessoas não ouvirem nada. Cansei de tentar me expressar, tentar conversar e ser interpretada erroneamente. Quer saber? Cansei! O único problema disso tudo será controlá-las, eu não consigo, é quase impossível (quase porque estou sendo positiva por causa da dieta). Quando a situação não me agrada, a opinião não me agrada, a pessoa muito menos, parece que as palavras se formam primeiro na minha língua e depois de ditas e o estrago acontecendo que elas finalmente chegam ao meu cérebro. Pergunto-me então, qual é o MEU problema? Por que não consigo controlar minha língua, minha grande língua?
Admiro tanto as pessoas que conseguem ouvir merdas, ouvir gente chata, aguentar gente falsa e folgada, sem falar das sonsas, sorrindo como se tudo estivesse bem, sem nem replicar. Como conseguem? Explique-me. Como isso ocorre? Não dá para entender!
Olho para a cara da pessoa e vai me subindo algo, como uma energia impulsiva, acho que vem do estômago, algo de louco, algo incontrolável, vem subindo, subindo, subindo. Se eu fosse converter em ações o que eu sinto ao invés de falar, talvez eu dançasse, sambasse, cantasse, cantarolasse, desse voltas como louca, gritasse, puxasse o cabelo, morderia a boca, daria tapas na cara, beliscões, tudo, tudo para não soltar minhas agulhas venenosas linguísticas.
Às vezes penso em mudar, mas vem cá, será que sou eu que tenho que mudar ou são as pessoas sem caráter, sínicas, insensíveis, que falam o que pensam, sem amor ou consciência, pessoas vazias, burras, umbigocêntricas (explicação da palavra abaixo), idiotas, burras quadradas, redondas, triangulares, esse bando de pessoas sem cérebro e automatizadas que insistem em VIR VIVER NO MEU OUVIDO, falando suas merdas cotidianas? Sou eu mesmo que tenho que mudar?
Se for? Desculpe-me sociedade, mas não vou! Não sou obrigada a ouvir o funk de alheios no ônibus, eu não sou obrigada a ficar vendo menina de 12 anos se agarrando no ponto, não sou obrigada a pensar pequeno como todo mundo e não sou obrigada a ficar quieta. Afinal, mostre-me sociedade onde é que está o termo de silêncio que assinei, não me lembro de nenhum. Então, não quer ouvir minha opinião? Então não me importune com suas merdas pensísticas (explicação da palavra abaixo).
Ai, esqueci, estou em dieta de palavras e olha eu aqui saindo dela. Ainda bem que só começo dietas nas segundas feiras se não já teria descumprido, mas tudo bem, ninguém tem nada a ver com minha vida, certo?


Meu Dicionário ambulante
Umbigocêntricas: Pessoa que acha que o universo gira em torno do próprio umbigo.
Pensísticas: Coisas ou ações ligadas ao pensamento.

Mônica Monteiro

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