Juro que pegaria um trem com você. Juro que sentaria ao seu lado mesmo tendo vários outros lugares vagos. Conversaríamos sobre nada, sobre como o céu está bonito, mas que talvez choveria. Conversaríamos como dois estranhos porque afinal é exatamente isso que nos tornamos. Entretanto, juro, mesmo assim pegaria um trem com você e viajaria para onde o trem me levasse, andaria sobre o trilho como se voasse pelo céu. Não ia ficar incomodada com a demora para chegar na próxima estação, com o café gelado, com a conversa alta de outros passageiros e com o choro de crianças mimadas. Nada, nada, me tiraria o prazer de viajar de trem com você. Ah pare, não precisa ser exatamente de trem. Eu iria com qualquer coisa, de carro, avião, moto, carroça, cavalo, a pé, correndo. Mas exijo "você" e prefiro o trem, confesso, porque o trem me lembra a gente. Imagens rápidas que formam borrões, lembra da gente? Em uma semana já jurávamos amor eterno e agora não temos nada além de borrões, imagens rápidas que passam com a mesma velocidade sobre meus olhos e pensamentos. Mas nada é mais charmoso do que o trem, o café frio, as pessoas conversando alto, as crianças chorando, o assunto acabado e você. Eu e você no trem, indo para onde? Você se lembra o destino que dizia o bilhete ? Sim, para o fim. Vamos para o fim, isso é se não chover.
Mônica Monteiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário