Ele estava lá,
e bastava. Sua respiração, seu cheiro de hortelã,
minha mão, nossas mãos, que falavam por nós e
entrelaçadas diziam onde queriam estar. A rua deserta. O
poste. O cinza do chão. Um carro ou outro. O vento gelado,
mas tudo personagens coadjuvantes. E agora sua voz baixa e rouca, que cortava o
silêncio numa frase ao pé do ouvido, como quase que em
uma brincadeira, disparou "Seus dentes e seus sorrisos, mastigam meu corpo e juízo, devoram os meus sentidos e eu já não me importo comigo." Porque Deus ? Porque justo agora ? Que eu estava fazendo direitinho meu papel de mulher-bem-resolvida-que-não-precisa-de-ninguém, mas não como tudo na minha vida cheira a ironia, lá vem ele. Oh céus . Ele. Que apenas com olhar arrancava todas as barreiras impostas, arduamente, por mim, e facilmente me tirava de uma trincheira que no meio dessa guerra, de esqueça-o-amor-e-vamos-usar-as-pessoas, me escondi, pra tentar sair ilesa. Mas com ele ali , tão pra mim ? Em vão! Ele sabia exatamente o que dizer, rompia o nosso silencio com digna razão. Quando numa outra hora só para fincar a bandeira da vitória logo de uma vez, me disse "seus laços, são armadilhas e eu não sei o que faço, aqui de palhaço, seguindo os seus passos , Garotos como eu, sempre tão espertos, perto de uma mulher .São só garotos." E minha reação ? saindo da trincheira. Bandeira branca.
Andreza Ramos
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