Quando lembrei que hoje era dia de escrever, me alegrei, pois tenho mesmo coisas para deixar sair, fluir. Estou sorrindo e minha bochechas ainda ardem, como se estivéssemos ainda, lá pelas nove horas, sorrindo pelos olhos. Seus olhos que escondiam o que os meus despiam, oh céus! te despiam lenta e deliciosamente,e eu te despia de toda opinião já formada, querendo mesmo ao fundo conhecer-te, sentir o timbre, bagunçar os cabelos, saber se o hálito é realmente tão doce quanto parece ser. A primavera teria chegado antes? Mas espere. Eu, tão antiga, inadequada, cheia de mim, e composta por certos tabus, mesmo querendo, muito, sentir tua alma ao toque, não toco.Quero ser tocada primeiro, entende ? Então, por favor, toque-me, sem delongas, preciso mesmo de um dedo na alma, pra me sentir cada vez mais viva, de carne, de pele, de toque. E você que se pergunta, "mas outro ?" e eu te respondo, eu acho que gosto um pouco do antigo, devo gostar, como o restinho do brigadeiro na panela, e repito, g-o-s-t-o dele, mas, me amo. E me amando tenho que permitir que me toquem a alma a dedo, como estão tocando agora, e que continue. A alma, na verdade, precisa ser tocada para que saia som, e no momento eu só troquei de música, ou melhor, de músico; Querendo sair do triste e velho "blues", para ser intenso, ou definindo melhor, febril: Quente, doentio e repentino.
Andreza Ramos
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