Desculpe, não sei te amar, me ensina?

Tenho pavor, medo, tremo inteira só de pensar nesse incidente terrível.  Admiro pessoas que passam por isso com um sorriso nos lábios e se doam e se entregam com facilidade para viver algo que na maioria das vezes acaba em choro e separação. Tenho fobia de apaixonar. Não posso nem pensar em algo do tipo e não é porque sou fraca, é porque eu não quero estar fraca. Ultimamente as pessoas só pensam em si  mesmas, em seus interesses pessoais e egoístas.  Hoje posso estar nos pensamentos de alguém, mas amanhã simplesmente não servirei mais. 

  Não existe mais a história de "vamos fazer dar certo", ou é ou não é, ou é fácil ou já parte para outra. Não existe o tentar. E é em uma dessa que acabamos sendo cobaias de gente que nem sabe SE amar, quem dirá amar outra pessoa. Porque só sabe amar, aquele que se ama. Se você não se ama, como pode amar alguém? E é por isso que eu continuo aqui, me amando, no meu canto, sem amar ninguém. Parece até ironia e realmente é. Talvez eu até saiba amar outra pessoa, eu sei que posso. Por detrás desse meu feminismo autoritário, minha impaciência com romantismo, eu tenho um coração e para o meu desgosto, mole. Mas a diferença entre mim e outras mulheres é que eu simplesmente escolho permanecer intacta e firme, sem me doar a ninguém. 

  E quem pensa que isso é bom, engana-se. Bem que eu queria ser uma dessas mulheres que amam cada dia um, que se entregam para o amor como se a vida fosse acabar amanhã, e elas são felizes, na loucura, na angústia, na alegria e na tristeza, todos os dias intensamente. E eu continuo aqui. Achando ridículo toda essa historia de conhecer alguém,  se apaixonar, ter filhos e casar. Mas se não nasci para isso nasci para quê? Será possível que essa fobia um dia vá embora e me deixe ser feliz de verdade?  Porque eu não aguento mais fingir que estou apaixonada quando na verdade meu coração está vazio e às moscas. Já cansei de fingir, de sorrir vazio, de escrever palavras bonitas, de escolher o primeiro que aparecer para fazer um teatro mal ensaiado comigo. Assim não dá mais, eu quero alguém para mim. Não alguém que dê para o momento.       

   Mas quem seria o corajoso? Quem por acaso teria a audácia de me derrubar do pedestal? Quem teria o disparate de olhar para mim e me querer? Quem teria a coragem de amar alguém que se ama e tem medo de amar alguém.  Eu. Espero, que exista esse alguém. E que ele seja persistente, paciente, corajoso e amoroso por nós dois e se ele não for, que  faça nascer em mim uma força capaz de suportar-nos. E de amá-lo agora sem deixar para depois. Depois, quando meu medo de amar passar. Se é que algum dia ele vá mesmo embora.