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Desculpe, tenho borboletas no estômago.

  


    
   Tentei matá-las. Pensei que tomar veneno talvez resolvesse, mas queria matá-las e não a mim. Elas me incomodavam, faziam barulho, batiam suas asas com força, dançavam alegre dentro de mim, circulando, fazendo um baile alegre, enquanto eu fingia com um sorriso frouxo o estrago que acontecia dentro de mim. Pensei em tomar café bem quente, mas elas adoram café. Café lembra a gente, quando ainda conversávamos, lembra? Elas lembram e a dança volta a começar, aquele embrulho e suor nas mãos voltam a me perturbar. Lembranças. Você. Borboletas em meu estômago. 

   Então em uma tarde de outono sentada na cadeira de balanço pensei que talvez o chá as acalmassem. Tomei e elas descansaram por instantes. Até o vento soprar forte e minha pele arrepiar. Aquele mesmo arrepio de quando você me tocava e aquela mesma sensação de quando nossos olhares se encontravam. Encontros. Nossos. Borboletas em meu estômago.
  Tomei calmante. Andei de bicicleta. Comi pizza. Dancei até cansar. Pulei de para quedas. Aprendi 5 idiomas. Visitei o Japão e a Guatemala. E elas, continuaram lá. Vivas e saltitantes. Para me lembrar que existe alguém que se encontra não tão distante, deitado, sentado ou em pé, lendo esse texto e sabendo que penso nele todos os dias. Que luto contra minhas borboletas internas. Que já tentei assassiná-las, mas não adiantou. Sou uma apaixonada irremediável. Uma masoquista de carteirinha. Uma apaixonada com borboletas no estômago.
  Mas vou tentando. Aos poucos vou matando uma por uma. E o melhor é que descobri que você é quem as faz viver e quem as mata. Você consegue massacrar cada uma simplesmente existindo. Então continue assim, me ajude a matá-las. Meu caçador de borboletas, destruidor de encantos, arrasador de coração. Só não sei como ficarei depois que elas morrerem, não sei se o vazio me fará bem. Talvez sim. Não importa, é que agora desejo mais que tudo  a morte de todas elas. As borboletas que moram em meu estômago, comandam minha vida e são completamente apaixonadas por você. Vai entender. 

Mônica Monteiro

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