Desculpe, fechado para manutenção.

    Bati a porta, tranquei os cadeados, fechei as cortinas, prendi a respiração e comecei a me reformar. Na verdade, depois do furação que passou por mim, tenho é que me reconstruir. Por inteira. Você afundou meu chão, derrubou minhas paredes e me deixou sem teto, pronta para ser atingida pela primeira chuva e definhar. Agora veja, olhe o pó e o entulho que você me deixou. Destruída, amassada, remoída, desconstruída, demolida. Mas não se preocupe não, eu já coloquei a placa de fechado para manutenção. E o tempo é o engenheiro mais eficiente que conheci. Os novos sorrisos que virão farão o ótimo trabalho dos pedreiros no levantamento rápido das minhas paredes interiores e o água do mar, será meu concreto, me unindo à vida, de novo. E prometo que quando tudo estiver em seu devido lugar , antes de colocar as janelas, portas e principalmente meus frágeis vidros, vou vistoriar toda a obra, verificar se ela aguentará firme novos furacões. Afinal, eu não costumo fugir muito deles e talvez seja por isso que minha construção sempre vai ao chão. Eu  simplesmente me jogo no redemoinho, mergulho no escuro e quando vejo, lá estou eu novamente em manutenção. Agora, se você quiser passar e levar algo consigo, leva meu telhado, porque quem perde o teto  ganha as estrelas. 

Mônica Monteiro