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Desculpe, quero ser uma árvore.


Quisera eu ser uma árvore. Ficaria fixada no lugar que me plantasse e ali fincaria minhas raízes.  Teria a invejável sabedoria e independência de uma árvore. Que sabe que no inverno tem que deixar sua beleza de lado, abrir mão de suas flores e folhas, de sua beleza, para obedecer à natureza. Fica nua, servindo ao vento que a balança de um lado para o outro. Quisera eu. Quisera eu ser como ela, que após perder o encanto, recebe a primavera de braços abertos e se renova, refloresce, reaparece feliz e florida. Pronta para encantar novamente. 
   Cá estou, apesar disso, sendo humana. Fugindo de compromissos, sendo guiada por qualquer força que queira me carregar. Fraca e sem raízes, fácil de cair e pesada para levantar. Quisera eu ter a humildade de deixar de lado minhas armaduras, minhas defesas, derrubar meus muros. Quisera eu ter a audácia de me despir e mostrar minha essência. Quisera eu. Quisera poder voltar a sorrir depois de um inverno rigoroso ou continuar no mesmo lugar quando tudo não vai bem. 
   Como não posso ser como ela. A admiro e imito. A contemplo e a invejo. Aprendo como uma aprendiz segue seu mestre. Me entrego ao destino, à natureza, ao inverno, primavera, verão e outono. Que o vento leve todas as folhas que travam minha beleza interior. Que o outono derrube todos os sorrisos que não são verdadeiros. Que leve todas as pessoas que não sabem amar por inteiro. Que o vento leve as tristezas que descansam em meus galhos.  E me devolva uma primavera colorida, de gente de bem com a vida, cheio de ramos e perfume bons. Quero florescer novamente. Quero renascer. Quero me deixar atingir e ser levada, para quando o verão chegar eu estar renovada. Como uma bela árvore enraizada. Quisera eu. 

Mônica Monteiro

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